O espetáculo Trade Winds esteve presente na cidade de Curitiba dos dias 04 à 11 de novembro de 2022, com apresentações na Casa Hoffman, Departamento de Artes da UFPR, Instituto Goethe, Colégio Suiço-Brasileiro e na Escola Jornalista Arnaldo Alves da Cruz.

Trade Winds, num contexto específico, pode ser traduzido como trocas comerciais e mercantilismo colonizador europeu desde os séc. XVI até o séc. XIX. Contemporaneamente o neoliberalismo, tão próximo da ideia de exploração do mercantilismo, perpetua-se em migrações forçadas, trabalho escravo, precarização das condições de trabalho, corte de verbas nas universidades, desvio de verbas públicas, congelamento de salários numa economia inflacionária e despreocupação com a devastação ecológica. E, especificamente no Brasil, queimadas na região Amazônica, aumento de 14 milhões de pessoas no mapa da fome em 2022 e na invasão de terras dos povos indígenas. Por fim, os chamados 'ventos mercantis' parecem soprar especialmente no 'Atlântico Negro', conceito de Paul Gilroy para situar uma territorialidade extensa de águas salgadas do oceano Atlântico na qual constituíram-se as rotas dos navios do tráfico desumano de escravos entre Américas, Europa e África.

Trade Winds é, especialmente, esse projeto crítico-artístico de encenação que reúne atores e atrizes da Alemanha, Angola e Brasil. Unidos neste projeto estão os jovens Amélia, Cecília, Florian, Hemak, José, Joyce e Pedro e, como diretor Carlos Manuel, Amabilis de Jesus (Professora do Campus de Curitiba II da Unespar) como figurinista e João Ana como cenógrafo. Atores, diretor e equipe de produção, engajaram-se num esforço coletivo ao estabelecerem aproximações e de seus universos sociais tão próprios e a espelhar a diversidade cultural, social e política. E, ao mesmo tempo, ensaiando um entendimento coletivo de questões histórico contextuais que nos atravessam. Sejam nossas relações com o meio ambiente, trabalho e condições sociais de vidas mais justas nas tantas latitudes do planeta. E, por fim, todos e todas tão próximos do comprometimento da arte em suas proposições públicas de renovadas reflexões sobre a política, a sociedade e o sensível.

O espetáculo esteve presenta também em Berlim e Luanda e finalizou seu ciclo de apresentações em Curitiba.